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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O REBELDE JAMES DEAN




A imagem de James Dean como símbolo maior do mito cinematográfico talvez só pode ser comparada a de Marilyn Monroe. A diferença entre Dean e Monroe é que ela se ergueu em vida como a estrela máxima de Hollywood e era exatamente isso que desejava; já Dean desejava se encontrar em vida, achar um caminho e acreditava, talvez, que ser um grande ator fosse sinônimo de tal encontro, mas não viveu o suficiente para comprovar a tentativa. Quando James Dean morreu, exatamente 53 anos atrás, estava apenas começando a experimentar os resultados de seu trabalho no cinema. Somente os que viveram depois puderam saber ao certo a potência da figura de Dean. Quando sofreu o acidente fatal, Dean havia acabado de estrear seu segundo filme nos EUA, o icônico Juventude Transviada, de Nicholas Ray, e vinha do final das gravações de seu terceiro e derradeiro filme, o épico monumental de George Stevens, Assim Caminha a Humanidade. Antes disso, James Dean havia experimentado o reconhecimento de público e crítica com sua estréia no cinema em um papel protagonista (antes só havia feito pequenas pontas), com Vidas Amargas, de Elia Kazan. Tendo como base somente estes três trabalhos seria possível comprovar o talento de um ator?
James Byron Dean nasceu no dia 8 de fevereiro de 1931, perdeu a mãe aos 9 anos, passou a adolescência na casa dos tios, fez diversos tipos de esportes durante o colegial, estudou violino (um desejo da mãe) e fez dois anos da faculdade de Direito (um desejo do pai), se mudou para Nova York, começou a estudar no Actors Studio, sob a tutela de Lee Strasberg, onde aprendeu “o método” de criação que era incentivado, baseado em próprias experiências e na bagagem emocional do ator, fez inúmeros testes para a TV e conseguiu diversos papéis em programas ao vivo, fez amigos que o motivavam a querer viver a arte, pintava, fotografava e atuava intensamente, sempre buscando a perfeição, conquistou um papel de destaque em uma peça chamada O Imoralista, que foi vista por Elia Kazan, diretor que escalava o elenco de seu próximo filme, Vidas Amargas, e que decidiu conversar com Dean, a princípio, um perfeito estranho, em seguida, um perfeito Cal, personagem que Dean encarnou com maestria e que o revelou, visto também por Nicholas Ray, que iria fazer um filme sobre a rebeldia juvenil e viu em Dean a figura ideal para interpretar Jim Stark em Juventude Transviada, filme que se tornou o grande retrato do mito de James Dean, que era apaixonado pela velocidade mas havia sido proibido de manter seu hobby favorito (a corrida de automóveis) durante as filmagens de Assim Caminha a Humanidade, onde protagonizou ao lado de Elizabeth Taylor e Rock Hudson a história da decadência do Texas, dirigido por George Stevens, e que lhe valeu sua segunda indicação ao Oscar de melhor ator (a primeira por Vidas Amargas), ambas póstumas (e até então únicas na história da premiação), já que Dean havia morrido dirigindo seu Porsche Spyder, indo para uma de suas corridas, em 30 de setembro de 1955.
A biografia de James Dean pode ser resumida em um único parágrafo, num fôlego só, dado seu caráter breve. Mas o talento de Dean só pode ser analisado graças a várias revisões de seus estupendos desempenhos (o que faremos a seguir, nas resenhas de seus três grandes filmes), nunca nos possibilitando uma definição única sobre a genialidade do ator. Se sobre a vida pessoal de Dean (rumores de bissexualidade, o amor por Píer Angeli, sua personalidade retraída) só somos capazes de especular, sobre o talento imposto por ele nas composições de seus personagens podemos encontrar cada vez mais fatores que impossibilitem que se cesse a admiração. Pois, respondendo a pergunta se esses únicos trabalhos dariam conta de comprovar o talento de um ator, é claro que sim. Só não se pode saber se caso tivesse vivido, James Dean se tornaria ainda mais, o maior. Ao menos o que se teve dele bastou para o nascimento de um mito inabalável, o maior ator de sua geração, o maior ícone do cinema.

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